Diogo Oliveira iniciou-se na época 2017/2018 na Escola Academia Sporting Alfena, sendo que, entre 2018 e 2020, trabalhou para o Sport Comércio Salgueiros, participando, nos dois clubes, em escalões desde os sub-8 até aos sub-13. Na época 2020/2021, foi treinador adjunto dos sub-19 do Boavista, bem como analista e coordenador do departamento de observação e análise da formação. Na temporada que agora findou, trabalhou até novembro para os sub-19 do Boavista, tendo depois ingressado como treinador adjunto e analista dos juniores do Feirense. Nesta época que agora se vai iniciar, fará parte de uma equipa da Liga 3, que ainda não pode revelar.
O
processo de treino deve, segundo Carvalho (2005), ser visto como um processo
único, pessoal e tendo por base o jogo que se procura operacionalizar.
Partindo
desta afirmação, podemos afirmar que o treino deve servir como meio que oriente
os jogadores e equipa naquilo que são os comportamentos idealizados pelo
treinador, estando assim o treino associado diretamente ao eventual futuro
sucesso no momento competitivo. Assim, as modelações dos exercícios em treino
devem ter como objetivo potenciar relações de interação entre os jogadores,
direcionados pelas ideias do treinador, com o propósito de resolver os
problemas do jogo, procurando direcionar as decisões individuais e coletivas dos
jogadores e da equipa.
Os
exercícios de treino devem então ser gerados num contexto semelhante ao
contexto real de jogo. Aliado a isto,
torna-se fundamental que na operacionalização de determinado exercício que
tenha como objetivo o desenvolvimento de determinados comportamentos, estes
aconteçam com grande frequência de modo a que estejam presentes condições para
que haja aprendizagem e evolução.
Deste
modo, o treino irá permitir criar adaptações e hábitos que possibilitem aos
jogadores jogar da forma que a equipa técnica pretende tendo em conta o seu
Modelo de Jogo. Para a aquisição desses hábitos é necessário que haja uma repetição
sistemática dos comportamentos pretendidos.
A repetição sistemática é entendida como a tentativa de
compreensão e aprendizagem de determinados princípios de modo a que se tornem
regularidades (Tavares, 2003). A presença sistemática e permanente do jogar
pretendido é que leva à sua consecução (Campos, 2007). Assim, denotamos que no
processo de treino, a repetição sistemática é preponderante para que haja
aprendizagem.
No
entanto, para promovermos o hábito é necessário que haja uma repetição
sistemática de contextos propensos ao que pretendemos. Neste sentido, o
princípio das propensões permite que consigamos a repetição sistemática das
vivências específicas pretendidas.
Este
princípio, consiste em conseguir alcançar através da criação de um exercício
contextualizado aquilo que queremos que os nossos jogadores experimentem e
adquiram em todos os níveis, fazendo com que isso apareça um grande número de
vezes. É então essencial que aquilo que o treinador quer, apareça regularmente
em treino. Assim, em treino, os exercícios devem levar a que o comportamento desejado
pelo treinador, ocorra um grande número de vezes, sendo que esses contextos
devem ser Específicos e Representativos. É então necessário criar exercícios
cuja densidade dos comportamentos que se pretende evidenciar ocorra com elevada
frequência, permitindo que determinado comportamento seja requisitado de uma
forma muito superior à do próprio jogo, transformando os mesmos em hábitos.
Exemplificando: se o treinador pretender
trabalhar a sua linha defensiva no momento defensivo, o exercício deve estar
moldado para que a sua linha defensiva passe grande parte do exercício a
defender dentro daquilo que é o pretendido. Porém, o exercício não pode levar
apenas a que a linha defensiva esteja a defender, pois devemos ter em conta a
articulação de sentido entre os momentos de jogo nas várias escalas.
Assim,
a repetição sistemática destes contextos propensos ao que o treinador pretende,
permitirão aos atletas e equipa criar adaptações e hábitos que permitam a
manifestação de uma forma de jogar.
Tendo
isto em consideração, podemos constatar que o treinador na forma como conduz o
treino, torna-se preponderante na criação de hábitos. Isto, na minha perspetiva,
é essencial ter em consideração pois se o exercício proporcionar de forma
repetida comportamentos que não são os pretendidos, irá haver um adaptação e
criação de hábitos prejudicais, o que não levará ao jogar pretendido. Deste modo, para que as adaptações sejam as
pretendidas, os estímulos devem estar totalmente identificados com o que se
pretende, tendo de ser o mais Específicos possível.
Desta
forma, o treino surge como espaço preponderante naquilo que é o adquirir
comportamentos desejados, de modo a que repetidos de forma sistemática em
treino leve à aquisição de hábitos que posteriormente sejam colocados em
prática em competição com uma maior regularidade.
Bibliografia:
Campos, C. (2007). A
singularidade da intervenção do treinador como a sua “impressão digital”
na…Justificação da Periodização Táctica como uma “fenomenotécnica”. Dissertação
de Licenciatura apresentada à Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação
Física da Universidade do Porto. Portugal.
Carvalho, R. (2005). A operacionalização
da Forma de Jogar que se Pretende (Modelo de Jogo) e a sua Representação
Mental: O papel da Consciência e o contributo das Neurociências na compreensão
do Sucesso da Periodização Táctica. Porto: Dissertação de Licenciatura
apresentada à Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física da
Universidade do Porto. Portugal.
Tavares, J, (2003). Uma Noção
fundamental: a ESPECIFICIDADE. Como investigar a ordem das “coisas” do jogar,
uma espécie de invariância do tipo fractal. Dissertação de Licenciatura
apresentada à Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física da
Universidade do Porto.
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