Avançar para o conteúdo principal

Como jogou o Sporting com apenas 10 jogadores?

No sábado, disputou-se na Vila das Aves o encontro entre o Desportivo das Aves e o Sporting, com vitória para o conjunto visitante por 3-1.
A particularidade deste jogo foi o facto de a equipa liderada por Keizer se ter visto privada de jogar com 11 jogadores numa fase muito precoce de jogo, visto que Renan recebeu ordem de expulsão ao minuto 5. Deste modo, achei interessante compreender de que forma o treinador holandês fez alinhar os seus jogadores no campo, sabendo que teria de disputar praticamente os 90 minutos em desvantagem numérica. Deste modo, passo a explicar alguns aspetos a considerar da exibição leonina.

Organização ofensiva: Com a saída de Jovane, Keizer decidiu colocar Bruno Fernandes no corredor esquerdo. Assim, no momento ofensivo, o Sporting posicionava-se numa espécie de 4-4-1, com Wendel a ser o jogador mais móvel no corredor central, enquanto que Gudelj jogava mais fixo, de modo a não descompensar a equipa caso houvesse uma perda de bola. Destaco sobretudo o corredor esquerdo, com Bruno Fernandes e Acuña, tendo ainda Wendel por perto, o que fazia com que muito do jogo passasse por esse lado. O vídeo ajuda a perceber:


Trocas posicionais entre Acuña e Bruno Fernandes: No corredor esquerdo, quando a equipa tinha bola na primeira fase de construção, acontecia por vezes Acuña subir no terreno e Bruno Fernandes baixar para pegar jogo. Estas permutas faziam com que o internacional português pudesse pegar jogo com mais espaço, uma vez que Acuña arrastava consigo a marcação.


Marcação individual a Gudelj: Enquanto via o jogo e a forma como o Sporting se comportava com bola, achei interessante o facto de Gudelj ser sempre vigiado por um jogador adversário. Para onde quer que fosse, tinha sempre um oponente perto de si, chegando inclusive a segui-lo até à área de Salin. Apesar de não ser um jogador com grande qualidade de passe ou visão de jogo, Augusto Inácio tomou a decisão de fazer esta marcação específica homem a homem.


Organização defensiva: No momento defensivo, sobretudo na segunda parte, o Sporting formava duas linhas de 4 que procuravam estar muito próximas. Deixando os defesas centrais ter bola, recuavam para o seu meio campo, procurando não dar grande espaço entre sectores. Para além disso, quando a bola entrava num corredor, o conjunto leonino procurava aproximar o médio interior do lado da bola aos dois jogadores da linha, formando assim uma espécie de triângulo.


Médios Alas / Extremos a fechar por dentro: No momento defensivo, quando a bola se encontrava num corredor, o jogador a atuar na linha do lado oposto fechava por dentro, o que fazia com que houvesse uma linha de 3 no meio-campo, deixando o seu corredor sem ninguém, uma vez que a bola só lá chegaria em passe longo, dando tempo ao jogador para se aproximar caso esse passe fosse efectuado.


O segundo golo do Sporting: Alguém reparou como o segundo golo aconteceu? Quando Bruno Fernandes ainda não tinha partido para a bola, o defesa central do Desportivo das Aves recuou até à linha de golo, o que fez com que todos os jogadores do Sporting ficassem em jogo. Ao ver isso, o internacional português colocou a bola em Coates, que estava completamente solto. Quando Wendel rematou, Acuña e Mathieu não ficaram em fora de jogo porque o defesa lá continuou. Resultado: golo do Sporting. Terá valido a pena?


Comentários

Mensagens populares deste blogue

Futebol: Como Criar e Treinar um Modelo de Jogo

O texto que se segue é parte transcrita do livro: Futebol Como criar e treinar um modelo de jogo “No mais simples e recôndito sítio onde se joga um jogo de futebol, está escondido um fenómeno complexo de relações e ações. Curioso será perceber que estas relações e ações poluem a perceção e conhecimento possível sobre este mesmo jogo.   Independentemente das caraterísticas do jogo consideramos que é fundamental ter conhecimento sobre a lógica do jogo, os seus princípios estruturais, para através das ferramentas que o treinador tem à sua disposição fazer crescer os homens que jogam.''  António Barbosa esteve esta época ao serviço da equipa sub-23 do FC Famalicão antes de rumar ao CD Trofense. Na formação, treinou no clube onde se encontra actualmente, e também no Vilaverdense F.C. entre outros clubes, batendo vários recordes em diferentes equipas. Na época 2015/2016, venceu ao serviço da Prozis Academy a Série B da 1ª Divisão da AF Braga, subindo de divisão e

Jogar contra a idade com competência

Ricardo Afonso tem 23 anos. É treinador UEFA B e licenciado em treino desportivo. Conta já com 8 anos de experiência entre futebol de formação e futebol sénior. Na época 2020/2021, foi treinador adjunto do Sporting Ideal. Na época seguinte, assumiu o comando do GD São Roque, dos Açores, tendo-se estreado com 22 anos como treinador principal na Taça de Portugal, no jogo GD São Roque - SC Farense. Acredito que no futebol só pode existir um sentimento, uma ideia... Ganhar! Todos procuram ganhar, todos procuram a positividade seja em que contexto for, esse fator é a parte fácil da questão... A conquista do grupo e dos adeptos, a liderança sobre o grupo, o estado de espírito, o implementar de uma cultura de vitória e exigência diária, as motivações e ambições e expectativas de todos é a parte desafiante. Acredito que a minha passagem pelos Açores foi extremamente desafiante, aos 22 anos integrar uma equipa técnica de Campeonato de Portugal em zona de descida onde era preciso ganhar e depois

A importância da fase defensiva

Bernardo Maia começou como treinador adjunto nos sub15 do São João de Ver, tendo logo nesse ano subido à 1ª Distrital. No seu percurso, sempre ligado ao clube, e onde passou por escalões de futebol de 7 e de 11, fez parte da equipa técnica dos sub19 que foi finalista vencido da Taça de Aveiro (19/20), para além de ter sido treinador adjunto dos seniores, tanto no Campeonato de Elite de Aveiro, como no Campeonato de Portugal (20/21). Atualmente, é treinador principal dos sub19 do São João de Ver, tendo na época transata atingido o 3º lugar da 1ª Distrital, bem como a final da Taça de Aveiro. Apesar de não existir uma teoria que seja consensual no mundo do futebol, segundo a maioria dos investigadores deste desporto, bem como os demais intérpretes do mesmo, o jogo é composto por duas fases: a fase ofensiva e a fase defensiva. Inerente às fases do jogo estão cinco momentos: organização ofensiva, transição ofensiva, organização defensiva, transição defensiva e os esquemas táticos, tamb