Ricardo Afonso tem 20 anos. Iniciou-se como treinador adjunto nas equipas do Sport Clube Canidelo de sub 9 e sub 13. Passou ainda como adjunto dos seniores e juniores do Futebol Clube Perafita antes de se assumir como treinador principal de novo no Sport Clube Canidelo. Na última época, ingressou na Escola Academia Sporting de V.N.Gaia nas equipas de sub 9 e sub 13, tendo-se tornado campeão de futebol de 9 da Série 1 da AF Porto.
Hoje em dia todos os treinadores de formação devem e estão sujeitos a passar por diversos factores e contextos, muitos deles até adversos e de difícil adaptação.
Hoje em dia todos os treinadores de formação devem e estão sujeitos a passar por diversos factores e contextos, muitos deles até adversos e de difícil adaptação.
Na maior parte dos
casos, o Treinador depara-se com alterações de ano para ano em questões de
mudança de clube, mudança de divisão ou mudança de mentalidade, assim como também
alterações físicas provenientes da puberdade.
E a mudança de
Futebol? A passagem do Futebol de 7 para o Futebol de 11?
E a passagem de
Futebol de 9 para o Futebol de 11?
E a regressão do
Treinador do Futebol de 11 para o Futebol de 9?
É isso que vamos falar e clarificar aqui.
Normalmente uma
regressão de futebol de 11 para o Futebol de 9 por parte dos Treinadores é
vista como uma situação negativa que acontece nas suas carreira. Contudo, a minha opinião não essa, e até pode surpreender alguns.
De facto, uma mudança
do futebol de 11 para o de 9 tem de ser encarada com diversos cuidados, principalmente
metodológicos e de planeamento de época, isto porque as dimensões do terreno
de jogo são alteradas. Existe maior largura que profundidade em comparação ao
Futebol de 7, e o outro factor inegável é a “perda” de 2 jogadores na estrutura
de equipa em relação ao Futebol de 11.
O futebol de 9 é, de certa forma, a decomposição do jogo em
pequenas partes, em quebras de momentos dentro de momentos. Uma reflexão para
todos os Treinadores que passam, passaram ou podem vir a passar por este tipo
de situação, é a forma de improvisar, de criar e de decompor cada exercício,
cada conteúdo a passar para os atletas para que estes encarem cada momento de
jogo de forma preparada e inteligente nas ações que este o obriga.
Normalmente, as
equipas de futebol de 7 tendem em afunilar demasiado o jogo no corredor central
o que nos obriga, na passagem para o Futebol de 9, a preparar a equipa com
exercícios de exploração de largura e utilização de 3 corredores para que
exista uma ocupação de espaços total de todos os elementos da equipa.
A criação de um
novo Modelo de Jogo, por força da alteração de regras e número de jogadores, é
também algo que obriga o Treinador a puxar dos galões para fazer alterações à
sua ideia/visão ou apenas a simplificação das mesmas, os processos, saídas de
bola da 1.ª fase, momentos de transição ofensiva e defensiva, saídas em
contra-ataque, reacções aos contra-ataques, esquemas tácticos defensivos ou
ofensivos e até mesmo perceção do método de jogo do adversário. Tudo conta e
deve ser visto como elementos fundamentais na adaptação do Treinador ao novo
contexto.
O facto de o fora
de jogo apenas ser dentro da grande área provoca em nós, treinadores de futebol
de 11, algumas mudanças em questões de organização, contenção e equilíbrio de equipa, assim como a abordagem de jogo da equipa e estabilização do seu bloco
(Bloco Alto - Bloco Médio/Alto - Bloco Médio - Bloco Médio/Baixo - Bloco
Baixo).
Também há a adversidade
numérica em treino, isto é, por vezes queres potenciar situações com
elevado número de atletas para trabalhar situações mais macro, mas o facto de
teres um plantel de 11 ou 12 elementos faz com que não consigas de forma tão simples
estabelecer ligações posicionais, estabelecer sinergias entre atletas que
por vezes se pretende que estes combinem e liguem em jogo. Tal situação torna
o trabalho do treinador mais rico, pois obriga a que este consiga improvisar, refletir
e agir para que seja superada uma adversidade que é bastante relevante naquilo que
é o Modelo de Jogo da equipa.
Em questões de
Estrutura Táctica, o foco primordial passa por tentar criar já alguma semelhança
com o Futebol de 11, o que tendencialmente provoca a utilização de sistemas tácticos como :GR-4-3-1
ou GR-3-4-1. Por outro lado, existem treinadores que têm como foco competir
em Futebol de 9 e, na época seguinte, começar o novo
processo de habituação ao futebol de 11. Nesses casos, optam pela utilização de
sistemas equilibrados e bastante ofensivos como GR-2-4-2 ou GR-3-2-3.
Os Treinadores que
passam primeiro pelo futebol de 11 e só depois pelo Futebol de 9 tendem a tentar transportar os seus conhecimentos e conteúdos 11 para 9, procurando acelerar o processo e ficar com 65% da adaptação à próxima
realidade já adiantada, com o intuito de aproveitar a pré-temporada seguinte
apenas para criar algumas rotinas e conteúdos de maior número de atletas, pois essa
especificidade assim o obriga.
Concluindo, a adaptação ao Futebol de 9 é algo que causa alguma estranheza ao treinador. O facto de
decompor situações de jogo de forma mais pormenorizada auxilia uma melhor
preparação e abordagem para os Momentos de Jogo e situações no Futebol de 11. Deste modo, a reflexão, a improvisação, a planificação e a forma como este encara o
processo de jogo e as suas exigências provocam no treinador diversas alterações
na forma como este utiliza a sua ousadia e criatividade para superar cada
adversidade e cada momento de forma a transformar cada dificuldade em algo
positivo para o processo, para o bem do colectivo e que contribua de forma
propositada para o cumprimento dos objectivos da equipa, clube e pessoais.
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