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Estou de volta, desta feita para analisar o FC Porto-SL Benfica

Após um tempo em que decidi, por opção, ausentar-me um pouco das análises, regresso com um texto sobre o jogo de ontem que se disputou no Estádio do Dragão e trouxe um novo líder, o Benfica, que venceu o Porto por 2-1.
Penso que foi um jogo bem disputado, com duas equipas a procurarem o golo, pelo menos até à expulsão de Gabriel, e onde o regresso do Marega foi o principal destaque, tendo influência direta no jogo do Porto, mas já lá vamos. Importa referir que o Benfica foi forte na transição, sendo sobretudo Rafa um jogador imprescindível neste tipo de jogos graças à forma como consegue progredir com bola em velocidade. De um modo geral, não se pode considerar que nenhum jogador tenha feito uma má exibição, apesar de considerar que Marega deveria ter sido substituído devido ao enorme desgaste que acusava na parte final da partida. Posto isto, passemos aos vídeos.
Há pouco tempo, escrevi no Twitter que Marega não era o melhor jogador do Porto, mas sim o mais influente, e a prova está neste jogo. Vários foram os momentos em que a equipa da casa preferiu explorar a velocidade de Marega ao invés de ir progredindo em posse na direção da baliza contrária. Penso que é excessivo o número de vezes que tal situação acontece. Apesar de se proporcionarem alguns lances de perigo, a verdade é que, pelo lado direito, parece obrigatório explorar a explosão do maliano. Nesta compilação, deixo alguns desses momentos.


Quero realçar ainda a qualidade de Oliver. É verdade que poderia referir também a qualidade de passe de Gabriel, que é tremenda, mas o espanhol portista parece ser o único jogador com critério neste Porto, daí a minha referência. É fantástica a forma como decide quase sempre bem, muitas vezes com apenas um toque, permitindo ora virar jogo, ora proporcionar aos colegas condições favoráveis. Para além disso, está um jogador mais agressivo, com certeza influenciado pelo seu treinador. Ainda que não tenha realizado um grande jogo, é o atleta mais criterioso da equipa, e não compreendo a opção de o retirar quando o Benfica se encontrava com menos um.


As trocas posicionais de Félix com Rafa, mas sobretudo com Pizzi, são uma constante neste Benfica de Bruno Lage, e ontem essas permutas foram de novo visíveis. Deste modo, não só a defesa contrária fica algo desconfortável com as movimentações de Félix, como também permite que Pizzi pise terrenos interiores, onde a sua qualidade de passe pode fazer a diferença. Curiosamente, apesar de não ter o vídeo, foi com Pizzi e Rafa no meio e Félix e Seferovic (raro) mais abertos que surge o segundo golo dos encarnados.


Relativamente à pressão exercida pelo Porto na primeira fase de construção do Benfica, a equipa da casa procurava que tanto os centrais como os médios interiores não recebessem bola. Assim, o objetivo era a bola chegar ao guarda-redes que, sem linhas de passe por perto, se via obrigado a colocar a bola na frente, onde os centrais do Porto teriam vantagem. Este vídeo deixa esse momento bem explícito.


Relativamente ao Benfica, a pressão era ligeiramente diferente. Quando o Porto procurava construir, os encarnados permitiam que ambos os centrais tivessem bola. Contudo, quando a bola entrava num corredor lateral, a atitude dos jogadores mudava e passava para um modo mais agressivo na busca do esférico. O vídeo demonstra bem esses dois momentos em que o Benfica tenta condicionar o portador da bola apenas quando este se encontra no corredor lateral.


Por último, decidi fazer uma compilação de alguns momentos de perigo nos últimos minutos da partida. Com mais um, o FC Porto decidiu claramente optar por cruzamentos para a área, e a verdade é que foram criando perigo.
Contudo, terá sido essa a melhor opção para procurar o golo? Na minha opinião, olhando para os jogadores que estavam em campo e para o estilo de jogo da equipa de Sérgio Conceição, a verdade é que essa era a forma que melhor se adaptava às características dos atletas. Com Soares e Marega na área, a hipótese de numa bola surgir o cabeceamento que colocasse a bola no fundo da baliza era maior. Para além destes momentos, ocorreram ainda os remates de Felipe e Danilo. Ainda assim, a falta de apoio aos laterais fez com que os cruzamentos nem sempre fossem feitos com as melhores condições. É um assunto discutível, daí partilhar com vocês a minha ideia e permitir que alguns de vós discordem. Afinal, o que nos move é a paixão pelo jogo.


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